sexta-feira, 19 de março de 2010

Origem da desigualdade entre os homens

Estou de volta ao Blog. Após uma longa ausência, fui surpreendido com um comentário postado hoje em meu e-mail, referente ao meu longínquo post “Democracia Existe ?”, postado ano passado. E vou explicar porque: Justamente na última semana, li o livro “ Da origem da desigualdade entre os homens”, do grande Jean Jacques Rousseau. Como pode-se induzir pelo título, Rousseau tenta especular em que momento o gênero humano teria começado a conviver socialmente e o que o teria feito adquirir esta prática. Buscava além disto, inferir em que momento passamos a nos diferenciar em classes.
Para Rousseau, enquanto um homem não precisava da cooperação do outro, vivia de maneira livre, sem leis (a não ser as naturais). Encontravam-se “fortuitamente” na natureza (trombavam-se - mais informalmente dizendo). Quando perceberam que poderiam associar-se para alcançar melhor sorte na caça e na agricultura, nasceram os primeiros “núcleos”, que originaram as primeiras “línguas”, ainda rudimentares.
Até então, tudo muito lindo. As diferenças teriam surgido quando as distinções de função ou trabalho começaram surgir entre estes “primitivos” (assim chamados por Rousseau). Rousseau chegou a esta conclusão ouvindo relatos sobre as tribos das Américas e da África (tema pelo qual era fascinado). Retomando: quando a primeira classe de homens que trabalhavam o metal, agricultores, guerreiros, começaram a ser vistos com distinção, surgiram as rudimentares “classes”. Daí em diante, segundo Rousseau, o processo não tem volta: os homens começaram a desejar e apreciar a estima dos outros. Queriam ser honrados por suas qualidades, sentindo-se “especiais”. Alguma semelhança conosco ?!
Segundo Rousseau, quando um primeiro homem decidiu demarcar um terreno e disse “isto é meu”, não tendo nenhum dos seus companheiros protestado, criava ali a propriedade privada ... Ou seja: como se vê, a tirania nasce sempre da omissão de uns poucos ou de muitos. Logicamente, o progresso só foi possível graças à cooperação entre os primeiros homens. Mas ao custo da sua liberdade original.
Se fizermos um salto de séculos, partindo das primeiras sociedades, chegaremos ao Estado Nacional. Quanto à sua necessidade, definiu-a brilhantemente Plínio – o jovem ( naturalista romano ): “se temos um príncipe, é para nos preservar de ter um senhor”. Portanto: melhor suportar as tiranias de nossos governantes, que cair em mãos de forças inimigas... Traduzindo: para o povão sempre será “se correr o bicho pega, e se ficar o Estado come”...