Hoje decidi voltar a postar. Não porque estivesse desanimado antes. Ou que não quisesse.É que andei meio atribulado com Monografia de faculdade e outras coisas.
Volto a postar porque tem um assunto que deveras me incomoda: a tão propalada “síndrome de vira-lata” do brasileiro. E constatei a sua existência justamente agora, em época de Copa do Mundo. É impressionante a supervalorização que se dá à competição. Devo confessar que também sou um aficionado por futebol. E que acompanharei jogos menores às 08:30 da manhã. Acordarei cedo no Domingo para acompanhar jogos sofríveis tecnicamente como foi ARGÉLIA X ESLOVÊNIA. Sou um fã do futebol, primeiramente. E do futebol força. Sempre fui, desde criança. Desde cedo quis ser zagueiro. Adorava roubar a bola, salvar gol em cima da linha. Dar canelada.
Talvez por isto, me identificava com o futebol de seleções como a Alemanha (a força) e Argentina (a garra) . Me lembro de quando criança me irritar quando o Brasil tocava a bola de lado. Ficava gritando: “o gol é pra frente, burro !”. Sempre gostei mais do futebol pragmático (que não significa covarde). Olha o caso da Alemanha (que pra mim é emblemático): chegou a sete finais (como o Brasil). Tudo bem que ganhou somente três, mas chegou. Na última Copa, com um time medíocre, chegou em terceiro. Melhor do que o Brasil com Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Fenômeno. E justamente: daquela Seleção de 2006 quem foram os únicos a se safarem da crítica ? LÚCIO e JUAN. A zaga. A defesa. Foram os únicos “guerreiros”.
Mas aí tem aqueles que dizem frases deste naipe: “ A Itália foi campeã em 1982, mas todo mundo vai se lembrar do Brasil, que jogou bonito”... Não tem coisa mais cínica e mentirosa !!! Pergunte a qualquer jogador se ele não queria levar o caneco para casa, nem que fosse com gol de mão... O importante não é jogar bonito, é GANHAR. Essa é a verdade. Por isto eu digo: se o Dunga trouxer o caneco, não me importo se escalar três volantes, se convocar Michel Bastos (QUEM ?), se fizer só treino secreto.
Outra coisa que me alegra no “jeito Dunga” é a tentativa de formar um grupo comprometido e disciplinado (mesmo que tenha que sacrificar o talento). Digo isto porque existe no Brasil uma cultura de fazer “vistas grossas” à indisciplina, quando o profissional é talentoso. Isto é péssimo. Imagina se as empresas agissem como os clubes de futebol: se os melhores empregados chegassem no horário que quisessem, pudessem matar serviço... certamente os demais funcionários iriam se desmotivar e segui o mau exemplo. Por isto foi acertado o ADRIANO ficar de fora. Assim como o GAÚCHO. Certamente iriam desestabilizar o grupo.
Eles são maus exemplos até para as crianças. Imagina só: você determina a seu filho que ele chegue em casa às 10 da noite, e ele se vira pra você e diz: - “Na escola eu tiro boa nota, então chego a hora que quiser”... . Foi o que o Adriano fez: achou que por estar marcando gol poderia ir treinar quando quisesse no Flamengo, e deu no que deu... Prestigiar um cara destes não é justo com aqueles profissionais que se comprometem.
Aí está o “falso perfeccionismo” do brasileiro. A Seleção tem que dar show e jogar impecavelmente. Mas a postura não precisa ser impecável... É claro que isto é contraditório. Samba e pagode existem para comemorar. E comemoração só vem após o objetivo alcançado. Dar “olé” quando se está ganhando de 2 X 0 é irresponsabilidade, não futebol arte.
O brasileiro tem que decidir: se quer ser hexacampeão ou ter o título simbólico de “futebol bonito” . Costumo brincar com meus amigos que “futebol arte” é para “Cirque Du Soleil”. Copa do Mundo é guerra. Em todos os sentidos: de informação, estratégia, nervos. Esse perfeccionismo hipócrita do “jogar bonito” tem que acabar. Não tomar gol é o primeiro passo para a vitória. É só observar o Campeonato Brasileiro: o vice-líder Ceará, tomou apenas um gol em sete jogos. O “santástico” Santos tomou dez . Está em quarto, cinco pontos atrás do mesmo Ceará. Dá-lhe Brasil ! Um a zero é goleada !!!