sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Um tal de Radiohead

Hoje cheguei em casa para almoçar e notei que havia uma música de fundo que me era familiar. Era o meu irmão, escutando Radiohead no computador, mais especificamente Creep (talvez o primeiro hit da banda), enquanto baixava outras músicas. - E essa agora ? pensei. - Ele nunca curtiu esse tipo de música !. Logo lembrei-me que o Radiohead está muito próximo de fazer uma turnê pelo Brasil e que o Moisés e o Rodrigão (amigos de longa data e de longos dilemas) haviam comentado a respeito. Ah, se fosse a cinco anos atrás ! – pensei; faria um sacrifício e iria. Hoje não. Já foi uma das minhas bandas preferidas. Hoje não mais. Ao ouvir os acordes de “Creep”, ao entrar em casa, um calafrio percorreu todo o meu corpo. Somente eu e alguns mais próximos sabem do que digo. Esclareço: entendo que nossa vida tenha muito da sétima arte (o cinema). E assim como os filmes, tenha uma trilha sonora. Radiohead já fez parte da minha trilha sonora. E daí, o que tem demais ? Nada, se não fosse o fato de ter sido a única trilha sonora da minha vida por 24 horas por dia, durante algum tempo. E quem conhece algumas letras do Radiohead deve imaginar que isto não é nada sadio. Não que eu tenha renegado a banda. Ainda admiro. Musicalmente. Mas hoje não está na minha “top list”, longe disso. Quem é fã e talvez me conheça pode dizer: - “Cuspindo no prato que comeu ! Que feio !”. Mas não é bem assim. Acho que nós humanos temos essa habilidade de associar os cheiros, sons e tatos com as situações que vivemos. Quem não se recordou de uma viagem, um namoro, um momento, ao ouvir determinada canção ? E se o momento não foi tão bom, possivelmente a audição de uma música determinada pode ser desconfortável. Aprendi em um curso de neurolingüística que sentimentos podem ser despertados pelas assim denominadas “âncoras”. Estas seriam estímulos táteis ou sonoros que gerariam um estado emocional, de forma direcionada, na pessoa. Isto de forma consciente. Porque inconscientemente (sem que percebamos) somos estimulados a todo momento. Exemplificando: ao tentar reproduzir o toque maternal que acaricia nossos cabelos, poderíamos nos colocar em uma situação de relaxamento. Para isso, é claro, seria necessária prática. Não seria algo mágico. Deixo claro que não acredito nisso piamente. Para alcançar a habilidade de até mesmo controlar sentimentos negativos e mantê-los sob controle, não dependeríamos somente de nós. Sempre existem estímulos imprevisíveis. Com isto quero dizer que Radiohead pode ter se tornado uma “ âncora” negativa para mim. Ou talvez não. Talvez eu permita que seja assim. Talvez nós possamos resignificar (aprendi esta palavrinha no tal curso que falei) uma música, um cheiro, algo que desperte sentimentos e lembranças. Creio nisso. Desapegar do sentimento. Talvez uma música desperte a tristeza porque permitamos ou mesmo queiramos isto. É um tanto masoquista. Alguém pode questionar: “ Mas uma música só pode dizer o que ela quer dizer”. Não é bem assim. Uma música alegre, por exemplo: se tocava durante um acidente ou um assalto, pode trazer os traumas à tona. Você escuta a música e a imagem vem à cabeça. É mais forte que você. Para encurtar a conversa, decidi assim: sentimentos podem até surpreendê-lo em determinado momento. O que não podem é torná-lo refém. Não é simples. Não é fácil. Mas temos que assumir o controle. Afinal os sentimentos não existem por vontade própria. São passíveis de transfiguração. Uma música pode dizer o que eu quero que diga, mesmo que o refrão grite o oposto.
No Surprises Radiohead Composição: Radiohead
A heart that's full up like a landfill
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal
You look so tired and unhappy
Bring down the government
They don't, they don't speak for us
I'll take a quiet life
A handshake of carbon monoxide
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
Silent silence
This is my final fit, my final bellyache with
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises please
Such a pretty house and such a pretty garden
No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises please (let me out of here)
Radiohead - no suprises - Tradução Compositor: Tom Yorke
Um coração que se encheu como um aterro
um trabalho que te mata lentamente,
feridas que não cicatrizam.
Você aparenta estar tão cansado-infeliz,
Derrube o governo, eles não, eles não falam por nós.
Eu vou levar uma vida tranqüila,
Um aperto de mão de monóxido de carbono,
Sem nenhum susto e nenhuma surpresa,
sem sustos e sem surpresas,
sem sustos e sem surpresas.
Silêncio, silêncio.
Este é meu ajuste final minha dor de barriga final.
Sem nenhum susto e nenhuma surpresa,
sem sustos e sem surpresas,
sem sustos e sem surpresas,
por favor.
Uma casa tão bonita e um jardim tão bonito.
Sem nenhum susto e nenhuma surpresa,
sem sustos e sem surpresas,
sem sustos e sem surpresas,
por favor.

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