
Outro fato curioso, foi que ao nos sentarmos na poltrona do cinema, antes de começarem os traillers, um sujeito da poltrona da frente, com cara de "nerd", ouvindo nossa conversa, resolveu se inteirar. Puxou assunto e começou a destilar todo o seu conhecimento sobre cinema e gibis. Eu só calado. Ouvindo e pensando: pô, o cara saca pra caramba de cinema e quadrinho. Meus amigos até arriscavam trocar umas idéias. Eu, só acenava com a cabeça. Parecia coisa de criança, sabe? Aquilo de contar vantagem, ver quem sabe mais. O cara sabia de cor a bilheteria de uma série de sucessos do cinema. De todas as décadas. Quando eu arrisquei palpitar que o "Titanic" era um arrasa-quarteirão em termos de bilheteria, ele argumentou que não era bem assim.... que se descontássemos o custo de produção, na verdade outros tantos filmes faturaram muito mais.
Quando o filme começou, comecei até a gostar. O enredo parecia se desenrolar com uma intensidade psicológica superior às que os filmes de heróis costumam ter . Cheio de “flash-backs” (por sinal um recurso do qual eu gosto muito, quando não se abusa dele). Mas depois, infelizmente, volta a repetir vários clichês deste tipo de filme: romance entra a heroína e o herói, ameaça de destruição do mundo por uma guerra nuclear, a interminável missão americana de salvar o mundo.
A fita tem também seus pontos cômicos. O ex-presidente americano Nixon é representado por um ator que usa uma prótese no nariz, fazendo o ex-presidente parecer o produto de uma operação plástica mal-sucedida feita pelo mesmo cirurgião do Michael Jackson. O personagem Dr. Manhatam parece mais um vaga-lume autista, que tem pouquíssimas falas no filme. Poderia ser melhor explorado.
O que me ficou de positivo foi o fato de ser uma fita em que os super-heróis são apresentados como figuras mais humanizadas. Com conflitos existenciais, amorosos e morais. O personagem “Comediante” foi o que me causou maior impressão. Apesar de ser um “herói”, ele tem suas crises de consciência, e chega a declarar (sintomaticamente) que a violência é um mal da sociedade, desejado subconscientemente por ela, e que os super-heróis são formiguinhas tentando resolver uma questão que poderia se chamar de “intrínseca”.
Ao final das contas, o programa foi positivo. O cinema com certeza é uma arte. Talvez nunca supere a literatura, o teatro, mas tem o seu lugar. Isto porque o cinema (principalmente o americano) vive de bilheteria. E para se pagar, eles editam, inserem cenas dispensáveis e principalmente inserem cenas de nudez e estórias paralelas que não fazem muito sentido no contexto. Mas tudo bem. Valeu pelo entretenimento. Mas para quem não conseguiu assistir "Como se tornar um milionário" - o ganhador do Oscar - ainda, foi um pouco decepcionante.
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