Ontem fui ao cinema. Não porque sou cinéfilo. Não porque queria ver um filme em especial. Mas porque uns amigos me convidaram. Para assistir justamente o filme que dá título a este texto: “Watchman”. Fui assistir , como se diz, às escuras. Ou seja: não conhecia o filme, muito menos os personagens que o inspiraram.
Durante o percurso até o Shopping fiquei sabendo destes mesmos amigos que “Watchman” se trata do quadrinho mais antigo que há. Mais velho que o Batman, o cavaleiro das trevas. Nunca fui aficcionado por gibis. Nem na infância. Sei lá, nunca gostei muito. Nunca tive muita paciência. E meus amigos são daqueles que compram revistinha até hoje (embora já marmanjos), acompanham sites de crítica, aguardam ansiosamente o lançamento das versões da telona de suas estórias prediletas.
Confesso que aprecio um ou outro gibi. Os meus preferidos são “Volverine”, “X-Men” e “Akira”. Mas há muito que já não consumo gibis. O “Akira”, me lembro que foi um tio meu (o tio Robson) que me emprestou para ler. Era uma série enorme, interminável. Acho que ao todo deveria ser mais de vinte revistinhas. Me encantava a qualidade gráfica dos desenhos. Mas não me interessava muito: lia uns dois volumes por dia e depois me entediava.
Outro fato curioso, foi que ao nos sentarmos na poltrona do cinema, antes de começarem os traillers, um sujeito da poltrona da frente, com cara de "nerd", ouvindo nossa conversa, resolveu se inteirar. Puxou assunto e começou a destilar todo o seu conhecimento sobre cinema e gibis. Eu só calado. Ouvindo e pensando: pô, o cara saca pra caramba de cinema e quadrinho. Meus amigos até arriscavam trocar umas idéias. Eu, só acenava com a cabeça. Parecia coisa de criança, sabe? Aquilo de contar vantagem, ver quem sabe mais. O cara sabia de cor a bilheteria de uma série de sucessos do cinema. De todas as décadas. Quando eu arrisquei palpitar que o "Titanic" era um arrasa-quarteirão em termos de bilheteria, ele argumentou que não era bem assim.... que se descontássemos o custo de produção, na verdade outros tantos filmes faturaram muito mais.
Quando o filme começou, comecei até a gostar. O enredo parecia se desenrolar com uma intensidade psicológica superior às que os filmes de heróis costumam ter . Cheio de “flash-backs” (por sinal um recurso do qual eu gosto muito, quando não se abusa dele). Mas depois, infelizmente, volta a repetir vários clichês deste tipo de filme: romance entra a heroína e o herói, ameaça de destruição do mundo por uma guerra nuclear, a interminável missão americana de salvar o mundo.
A fita tem também seus pontos cômicos. O ex-presidente americano Nixon é representado por um ator que usa uma prótese no nariz, fazendo o ex-presidente parecer o produto de uma operação plástica mal-sucedida feita pelo mesmo cirurgião do Michael Jackson. O personagem Dr. Manhatam parece mais um vaga-lume autista, que tem pouquíssimas falas no filme. Poderia ser melhor explorado.
O que me ficou de positivo foi o fato de ser uma fita em que os super-heróis são apresentados como figuras mais humanizadas. Com conflitos existenciais, amorosos e morais. O personagem “Comediante” foi o que me causou maior impressão. Apesar de ser um “herói”, ele tem suas crises de consciência, e chega a declarar (sintomaticamente) que a violência é um mal da sociedade, desejado subconscientemente por ela, e que os super-heróis são formiguinhas tentando resolver uma questão que poderia se chamar de “intrínseca”.
Ao final das contas, o programa foi positivo. O cinema com certeza é uma arte. Talvez nunca supere a literatura, o teatro, mas tem o seu lugar. Isto porque o cinema (principalmente o americano) vive de bilheteria. E para se pagar, eles editam, inserem cenas dispensáveis e principalmente inserem cenas de nudez e estórias paralelas que não fazem muito sentido no contexto. Mas tudo bem. Valeu pelo entretenimento. Mas para quem não conseguiu assistir "Como se tornar um milionário" - o ganhador do Oscar - ainda, foi um pouco decepcionante.
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