segunda-feira, 25 de maio de 2009

Correndo atrás do prejuízo

Sempre quis escrever algo com este título: “correndo atrás do prejuízo”. Isto porque acho uma expressão bem peculiar. Dá idéia de estar em desvantagem, procurando a superação. Escrevo este texto inspirado por algo que vi ontem (domingo), da varanda de minha casa. E tem a ver com meu último texto. Da varanda avistei uma viatura da PM fazendo “ronda” em minha rua. Desfilando de cima pra baixo. Pensei na hora: - “Mas agora ? Por que não fizeram isto há uma semana atrás (quando do episódio do assalto) ?"
Infelizmente o Brasil tem muito disto (correr atrás do prejuízo). É um hábito arraigado. Eu mesmo sou um dos maiores praticantes. Ô maniazinha danada ! Não precisava ser assim ! Esperam um cidadão ser roubado pra começar a policiar. Esperam um apagão, para construírem uma hidrelétrica. Esperam um desabamento acontecer, para desocupar um morro... Este é o problema com o Brasil: esperam, esperam e esperam... Por que não prevenir ? Por que este desleixo ? Países sérios, pessoas organizadas, planejam. Sei que não sou exemplo de planejamento, de comprometimento, mas tenho esperança de um dia atingir pelo menos um nível mediano de organização. Ter uma agenda que não sirva somente como peso para papel e tudo o mais.
Com o que vi fiquei pensando: será que eles acham que os bandidos só saem pra rua naquele determinado horário ? Tudo bem que a presença física de uma viatura intimida, mas é paleativo. Como tudo no Brasil. A causa da criminalidade nunca foi e nunca será a falta de policiamento e sim o abismo social e a falta de estrutura familiar. É a decadência da civilização. Esta semana mataram uma garotinha de oito anos, dentro de um condomínio na cidade de Dracena-SP. O jovem tinha 17 anos. Seu comparsa 18 anos. Adiantou cerca elétrica ? Adiantou muro de 4 metros ? Você pode colocar um fuzileiro ao seu lado 24 horas por dia que não estará seguro. São as estruturas que estão falidas. O câncer linfático atingiu a estrutura social. Não adianta extirpar aqui, pois ele ressurgirá acolá... E por quê de eu voltar a esse assunto ? Porque o que ocorreu comigo foi como um tapa na cara. Ora bolas, o garoto que me assaltou poderia ter me matado facilmente se quisesse. Estaria impune agora, pois é menor de idade. Em minha cidade não tem centros para reabilitação de menores. Quer dizer: a sociedade brasileira, se já não faliu, pediu concordata.
Se a sociedade brasileira quiser “correr atrás do prejuízo” terá que ter fôlego de maratonista. Somente durante a república são 120 anos de omissão. Às vezes me questiono se os políticos têm sentimentos, um mínimo de respeito pelo ser humano. Sei que uma coisa não tem nada a ver com outra, mas não consigo me orgulhar de a Petrobrás ter descoberto bilhões de barris de petróleo e saber que milhares de crianças ainda morrem por causa de doenças como diarréia. Também não me orgulho de pertencer ao país penta-campeão, em que um deputado diz estar “se lixando” para a opinião pública. Correr atrás do prejuízo é atestado de descaso, de descomprometimento. Alguém conhece o plano de governo do prefeito da sua cidade ? Eu não. E tenho certeza que ele não tem. E agente vai realizar uma Copa do Mundo ! ... Talvez confeccionem os ingressos “in loco”, ou sugiram que as seleções se hospedem em casas de família... Afinal, é a conhecida hospitalidade brasileira... Punições duras e implacáveis é o que precisamos. Chega de passar a mão na cabeça, “ver como é que fica”. Falta-nos um espírito mais “anglo-saxão”, do tipo 4 horas são 4 horas e não 3:59 nem 4:01. Chegou mais cedo ou mais tarde, tá errado. Uma avalanche é feita de flocos de neve, levíssimos, que acumulados criam uma das maiores forças da natureza. E no Brasil sobram destes flocos sobre as nossas cabeças ....

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