domingo, 31 de maio de 2009

Espiritual e humano

Este vídeo representa um homem atormentado. Dividido entre a espiritualidade e o mundano. Robbie Williams faz o papel de um guru que possui um harém. Ele está brincando com aqueles que procuram uma espiritualidade alienada. Eu também tenho esta preocupação: que a espiritualidade não se torne uma caricatura em minha vida. E para isto é preciso conhecer-se, não agir por impulso. O auto-conhecimento é a chave para ter uma espiritualidade verdadeira. Na verdade não aprovo muitas atitudes de Robbie Williams como pessoa. Mas o que mais me chama a atenção em suas músicas é a sinceridade. Ao contrário de alguns artistas que procuram apenas chocar o público, para ganhar mais Ibope, Robbie Williams é um cara muito auto-biográfico em suas letras. Ele expõe muitas de suas mazelas, que podem ser a de muitos outros seres humanos. Eu acho esta uma qualidade admirável. A sinceridade. Eu posso não aprovar a forma como ele vive, nem seus hábitos. Mas posso tentar compreender como ele pensa. O cristianismo não é uma fé alienante (para os que buscam a verdade, com sinceridade). É por isto que podemos dialogar com outras religiões sem guerrear. Desde que se exponha o seu pensamento com o desejo sincero de alcançar a verdade.

O pecado é a distorção da ordem natural das coisas. O guru do clipe, apesar de apresentar-se como homem espiritual, tem um comportamento altamente mundano. O fato de ele possuir muitas mulheres representa o desejo de domínio que o ser-humano tem naturalmente sobre as coisas e as pessoas. O guru do clipe tem um ar debochado. Pensa que não há nada demais em possuir seu harém, de mulheres bonitas e devotadas, porque encontra sua felicidade dando vazão a seus desejos. Mas na verdade ele torna-se uma caricatura. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O homem espiritual deve ter auto-domínio. No entanto, a dificuldade em encontrar o auto-domínio e a paz interior está no fato de sermos seres muito arredios ao isolamento. Acho que é por isto que muitos religiosos buscaram o isolamento ao longo dos séculos. Não só no cristianismo, mas em outras religiões. Para conhecer-se é preciso estar a sós consigo mesmo. Entregar-se às paixões é uma fuga, para não encontrar-se consigo.

O guru do clipe faz o caminho inverso: cerca-se de tudo aquilo que agrada-lhe os sentidos, buscando assim a "plenitude". Mas não é uma plenitude verdadeira. Ele torna-se Deus de si mesmo. O cristianismo não é um estilo de vida do "pode/ não pode". É conhecer o que é mais apropriado para alcançar o equilíbrio, e conhecendo esta verdade, desejar alcançá-la. Aí não será mais um "peso". O guru na verdade buscou o "caminho mais preguiçoso". Criou o seu próprio reino, aonde se relaciona com "fantoches". Ele pode pensar que é livre e gratificado com o seu harém. Mas tornou-se objeto de suas fantasias.

Um comentário:

  1. Entregar-se às paixões é uma fuga, para não encontrar-se consigo.
    Bela frase, Ruy!

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