Não entendo certas expressões na linguagem corrente. Sei que elas estão por aí e “tals”... mas para quê ? São os famigerados eufemismos. Sei que no convívio social não se pode falar a seco. Afinal não somos robôs. Temos sentimentos. Compreendo até mesmo a caridade de tentar poupar o outro de certas “verdades”; ou ainda de notícias desagradáveis. Mas creio que tornou-se um vício da linguagem atual. Invadiram nossos períodos (lembram-se das aulas de Português ?). Pois bem... creio que isto é uma realidade pós-moderna, resultante do que chamo “a Ditadura do Politicamente Correto”. Como se todo mundo fosse de açúcar e não pudesse escutar nada que “entre arranhado nos ouvidos”, ou que arranhe a sua vaidade. Todo mundo sensível demais. Tolerante de menos.
Isto começou há umas duas décadas, mais ou menos. Influência da contra-cultura e da boa intenção, representados pela então preocupação ecológica e ambiental. Mas soam estranho algumas expressões, que parecem ter a pretensão de atenuar o que não é passível de se atenuar. Surgiu uma expressão que me confunde no meio médico: “ o Fulano teve óbito” ... Como assim?!! Ele MORREU ! “ EME”- "O" – “RE" -"U”. Não dá pra amenizar isto. E mesmo que desse, de que adiantaria ? Seria menos dolorido ? Quanto ao termo “teve óbito”... como assim TEVE ? A-há ! “- Então isto é algo reversível? – "Vai ressuscitá-lo doutor ?...” - posso imaginar. Que eu saiba pode-se ter sarampo, gripe, fratura... mas óbito ? Ninguém "TEM" óbito. Óbito é a maior expressão do não ter: deixa-se de ter vida !
Outro termo que também me confunde, e que caiu no gosto dos adolescentes é o “MEIO QUE”. Agora para explicar qualquer situação a meninada emenda um “MEIO QUE”. Já ouvi dizerem: - “a minha mãe meio que adoeceu”... Como assim ? Ela adoeceu do umbigo pra cima ou do umbigo pra baixo ? Compreendo que talvez se queira expressar que a doença não seja tão grave. Ou que talvez não seja nada sério. Mas é difícil este tal de “MEIO QUE”.
E existem centenas de outro exemplos: não se pode mais dizer gordo. Gordo não ! É "obeso", "com sobrepeso"... Aleijado não pode ser mais “aleijado”. Foi deficiente físico. Agora já é “portador de necessidades especiais”. E depois ? Provavelmente vamos chamá-los “pessoas-com-dificuldades-motoras-advindas-de-fatores-extrínsecos-decorrentes-de-acidentes-automobilísticos-e/ou-similares” ? - Ufa ! Concordo que o termo “aleijado” seja pejorativo. No entanto creio que a ofensa esteja mais presente na entonação, muitas vezes, do que na palavra em si. “Deficiente físico” já é suficientemente esclarecedor. Não precisa inventar mais. Nos últimos tempos vimos ladrão se tornar delinqüente. Até os bandidos gostaram da brincadeira e alguns traficantes do Rio de Janeiro auto-denominam-se “comerciantes”... Pode ? É... não deixam de o ser ! Dou uma sugestão melhor: podem se auto-denominar “fornecedores-para-legais-de- substâncias-potencialmente-entorpecentes-não-aprovadas-pela-legislação-vigente-ainda”. Ah, vai te catar ! Não consigo ter que falar como se estivesse “pisando em ovos” o tempo todo. Então para terminar com essa “bagaça”, antes que este texto vire uma zorra, vou finalizar esse babozeira de m... antes que o leitor fique de saco ch.. dessa p...
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