domingo, 13 de setembro de 2009

O Mundo dá voltas ... cuidado pra não ficar tonto ...

Fala sério ! Tem coisa pior que a auto-ajuda ? Ler livro de auto-ajuda pra mim é como escutar música tecno em velório. Vejamos: se você está na pior, é porque precisa de ajuda. E ajuda externa. Se soubesse “se ajudar”, não estaria na pior (what?). Confuso não ? Contudo menos confuso que um livro de auto-ajuda.
Nunca gostei de expressões como “pensar positivo”, “potencial pessoal” e coisa que o valha. Soa auto-suficiente, impetuoso... pelo menos pra mim. Penso que a melhor auto-ajuda (literariamente falando) é a leitura dos clássicos: Shakespeare, os contos dos irmãos Grimm, Andersen... Dali se tiram lições sobre a vida e a alma humana. O resto... bem, o resto é o resto. É o que está aí: uma enxurrada de livros sobre todos os assuntos. Agora compreendo Schopenhauer (filósofo alemão), que ainda no século XIX, quando a imprensa não tinha o desenvolvimento atual, já se alarmava com a quantidade de livros publicados. Em seu livro “A Arte de Escrever”, ele externa a sua preocupação com a quantidade de publicações lançada pelas editoras em sua época. Pobre Schopenhauer! Imagine se vivesse nos dias de hoje... sua estupefação seria infinitamente maior.

Voltando ao tema publicações de auto-ajuda: nunca gostei de da postura de guru, tipo “faça isso, faça aquilo”. Penso que a literatura deve sempre dar margem para que o leitor crie livremente, interprete, participe da compreensão do texto. Este é o mal que assola a literatura e também o mundo acadêmico: a resposta pronta, sem margem para questionamentos. O problema é que a maioria dos leitores são “infantis” quanto a esta concepção. Ou seja: não querem algo que exija demais. O livro de auto-ajuda é assim: não deixa margem pra sua imaginação. É uma coisa um tanto fascista. Como se o autor disesse: - “siga a minha receita seu bossal, sem questionamentos e serás bem-sucedido”. Já vem a receita pronta. Basta engolir ( não precisa nem mastigar).

O gênero auto-ajuda parece se tratar de uma tentativa de materialização de muitos ditados que ouvimos desde a infância. Do tipo: “quem ri por último ri melhor”, “nada como um dia após o outro”, e outros que denotem superação ou que “há uma luz no fim do túnel”. Quanto a este último ditado costumam brincar que “o problema é se esta luz for um trem vindo em sua direção”. Penso que o espírito está meio deturpado... O que esses ditados queriam passar é a necessidade de levar a vida com seriedade... mas não tão a sério. Afinal, “o tempo é o melhor remédio” – e é mesmo – contra qualquer angústia. O problema é que muitos hoje se agarram na idéia de que “o mundo dá voltas”, e ficam qual cão atrás do rabo... esperando alcançar o que já está há um palmo de si. Esquecendo do essencial ( pois “o sucesso” não é tudo, e é relativo). O mundo dá voltas... mas há que se ter cuidado para não ficar tonto ! Ou descer sempre no mesmo lugar.

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