Comecei a correr há cerca de um ano. Nunca havia me imaginado correndo. Ou melhor: havia. Mas era algo distante. Isto não porque não seja afeito a praticar esporte, mas porque tinha a falsa idéia de que correr exigia grande resistência ou condicionamento extraordinário. Ademais, correr me parecia algo muito chato. Impressão que logo foi desfeita.
Na verdade o hábito de correr veio por acaso. Um amigo estava determinado a emagrecer. Sabia que ele já emagrecera quase 30 quilos e que fazia caminhada. Todo mundo estava impressionado com a determinação dele e ele dizia que queria ir mais longe. Foi quando ele partilhou comigo e outro amigo em comum que ele estava começando a correr. No entanto, dizia que correr sozinho era muito chato e perguntou se não quereríamos correr com ele. Nós topamos (mesmo pensando que aquilo não passaria daquela conversa). E qual não foi minha surpresa quando em uma segunda-feira (justo nela) estavam os três no horário e local marcados. Agora não tinha mais jeito. Se déssemos pra trás seria mico. Começamos a caminhar, conversando sobre futebol (um zoando o time do outro), quando o “ex-gordinho” ( como começáramos a chamá-lo maldosamente) propôs que começássemos a dar um "pequeno trote”: – Podemos alternar entre corrida e caminhada ( disse ele). Não custava nada tentar. Assim corríamos uns dez minutos e andávamos outros dez. No final daquela corrida, todo mundo tava com a língua na altura dos joelhos e jurando não repetir a experiência.
Isto foi há cerca de um ano. Hoje corremos uns quarenta minutos “sem chororô”. Nos orgulhamos disso. Às vezes até brincamos dizendo que o “Projeto São Silvestre” logo será possível. Creio que não esteja tão distante assim. O que nos falta é uma orientação profissional. Afinal não temos preocupação com a nutrição e acompanhamento médico. Confesso que somos até mesmo irresponsáveis em praticar corrida sem qualquer orientação médica. Mas o fato é que me apaixonei pela corrida. É que há algo “viciante” nela. Talvez a sensação de liberdade, os hormônios promotores de bem-estar. Quando se corre todo o “stress” vai ficando para trás. Muitas vezes quando estou com a cabeça cheia em casa, lembro-me logo da corrida. Pego o par de tênis e vou pra rua. Durante a corrida parece haver somente você no mundo. Tudo o mais vira paisagem: as pessoas, os carros. O “stress” não te alcança. Em certos momentos parece se estar em êxtase. Tanto é, que muitas vezes só se sente dor após horas do término da corrida. Dá um “barato” correr. Não consigo me imaginar hoje sem a corrida.
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