sexta-feira, 24 de julho de 2009

Democracia Existe ?

Ontem ouvi de um jurista - Doutor Ives Gandra Martins - uma frase que já conhecia e que é certíssima: “ só há duas certezas na vida: a morte e pagar imposto”. Realmente: essa peste do imposto nos acompanhará do nascimento até o óbito ( e quiçá além disso).
Desde muito jovem gostava de me sentir “politizado”. Me lembro de aos 12, 13 anos, torcer pra candidato e bater boca com vizinha a respeito do candidato dela e do meu. Até que em certo ponto, pra encurtar a conversar ela me disse: - ô moleque, cê nem vota... . Golpe baixo, aí me silenciei. Até então eu acreditava em Democracia e blá-blá-blá. Mas fiquei com uma pulga atrás da orelha: - quer dizer que se eu não voto não posso ter opinião ???. Mas tudo bem. A vida foi correndo até que entrei na Universidade, e logo no primeiro período, na disciplina ciência política outro grilo entrou em minha cabeça. Um belo dia o professor fez a seguinte pergunta à classe: - “o Brasil é um país democrático” ? Em quase uníssono a turma respondeu: - Siiiim !. E eu pensando: mas que pergunta mais besta ! ta parecendo cursinho isto aqui !. Então o professor perguntou novamente: - “ vocês têm certeza” ? E eu pensando: - “aonde esse cara quer chegar ?” Ele então começou a nos questionar: - quando vocês tentam ser atendidos em um posto de saúde, conseguem sê-lo satisfatoriamente ? A escola pública que muitos de vocês freqüentaram lhes dá condição de concorrer de igual para igual com quem paga escola particular ? ... As perguntas foram se sucedendo e sem que o professor explicasse, a classe foi compreendendo: Democracia não significaria o direito ao voto pura e simplesmente. Significaria IGUALDADE. Significaria igualdade de competir. Significava que ricos e pobres teriam a mesma oportunidade. SONHA ALICE !
Foi neste momento que eu acho que comecei a ter uma mudança de paradigmas. Eu explico: desde criança eu admirava os empreendedores. Meu sonho era ser um grande empresário ou industrial. Acreditava no sonho americano. Um pouco influenciado pelo meu pai. Um pouco pela minha própria personalidade. Quando aos 12 anos discutia política com minha vizinha (que devia ter uns 17 ou 18 ), eu a "zoava" porque ela era eleitora do Lula ( que pra minha concepção na época era um vagabundo, baderneiro, que queria tomar os bens de quem havia lutado muito para distribuir aos outros vagabundos e outros clichês). Essa era a minha crença. Essa era a informação que um pré-adolescente sem leitura ou experiência de vida, cuja única opinião que tinha acesso era a do pai e do avô possuía. Então você chega na Faculdade e um professor traz esse “ questionamento maluco”. Depois você tem acesso a livros de Marx, Durkheim e Engels. E pensa: - “ a história não é bem como eu pensava ...” Nem sempre os bem suscedidos jogaram “conforme as regras”, e nem sempre alguém é pobre porque é “vagabundo” ou “burro”. Tinha muito caroço neste angu. A livre iniciativa não é tão livre assim. Ora pois, vivemos uma grande mentira !
Comecei a enxergar a esquerda com outros olhos. Tive a oportunidade de assistir palestras com sem-terras na faculdade. De repente vi que existem pessoas que sempre foram despojadas de tudo. Gerações e gerações de famílias que não tiveram qualquer oportunidade. Aonde está a democracia nesta hora ?
Mais tarde em minhas leituras minha cabeça entrou em parafuso de vez: ao ler Rousseau, tomei conhecimento do “Contrato Social”. Minha impressão era que parecia muito justo. De uma forma simplória era isto: eu, como homem, me encontro livre na natureza. Posso fazer o que me der na telha. No entanto, para que conviva em harmonia com outros homens, abro mão da chamada “auto-tutela”, que é a possibilidade de fazer justiça com as próprias mãos (o olho por olho) e o Estado me garante que não terei meu direito violado, e se o tiver, ele me tutelará. Muito lindo e romântico. Isto se não houvesse um poder invisível chamado dinheiro ou influência. Então, os homens que seriam todos iguais ... ( como propunha a Revolução Francesa ) nunca o são. Quem tem mais, pode mais. Neste momento, o Estado, que foi criado para corrigir as desigualdades, acaba por acentuá-las.
Na verdade qualquer sistema político é um “sistema de crenças”. Como uma religião. É por isto que o comunismo precisava de tantos “símbolos” ( a foice e o martelo ), o próprio Lênin, Che Guevara. Se dizia “ateu”, mas tinha seus “ídolos” e crenças e promessa de paraíso ( o governo do Proletariado ).
Desta forma, quando desacreditei de tudo ( o capitalismo era uma estória da carochinha e o comunismo um delírio inalcansável) , me surgiu uma terceira via: o "nada". E o “nada” eu encontrei através dos filósofos existencialistas. Jean Paul Sartre entrou na minha vida. E juntamente com ele, na via da política, o anarquismo. E na via artística, Morrissey. E juntamente, na via psicológica, a depressão. Aí pode-se imaginar: um depressivo, anarquista e revoltado. Um homem-bomba suicida em potencial. Era isto aí.
Infelizmente este coquetel faz de você uma pessoa cínica e por vezes intratável. Ao ponto de você rir-se da morte. Zombar dela. Zombar da vida. Zombar de qualquer proposta. Não quero nada. O mundo caminha pra destruição e todos os que tentam lutar para mudá-lo ou para mantê-lo como está perdem tempo. Eu era assim. E sentia que Deus me amava, mas dizia pra Ele: - Senhor, não perca Seu tempo comigo ! Queria era ver o circo pegar fogo. Quando via uma desgraça pela televisão pensava comigo: - “Tá vendo ? o mundo é uma porcaria mesmo e nós tamo tudo ferrado e é isso aí ”. Lembro-me de uma coisa da qual me envergonho: no 11 de setembro, eu presenciei ao vivo, pela televisão. Fiquei triste enquanto pensava se tratar de um acidente. Quando soube que era um atentado, tive uma alegria momentânea. Me envergonhei rapidamente. Pensei nas vítimas. Afinal, não se tratava de um vídeo-game. Mas que “eles”, os Yankees procuraram, procuraram – pensava. Mas era estupidez. Ao final das contas, todos somos vítimas e algozes. Ninguém totalmente puro ou inocente. Quem vive neste sistema capitalista é como uma prostituta: sabe que é explorado, mas também se deleita com o produto do seu “serviço”. Por mais degradante que este seja.
Agora meu ditado preferido passou a ser: “ cada povo tem o governo que merece”. E é verdade. Se somos massacrados com imposto e não reclamamos, se não fiscalizamos nossos políticos e cobramos deles, merecemos esta carga nas costas.
Se não me engano, no Livro de Samuel ou Reis, ( não sei bem) na Bíblia, o povo de Israel pede a Deus que lhes permita eleger um Rei. – “Queremos alguém que nos governe, que lidere Israel”, pediram os israelitas. Então, quando o povo mais tarde começou a reclamar da tirania do Rei, Deus respondeu ao profeta: - “Mas não foi este povo que quiz um governante, alguém que os liderasse ? Agora agüentem !” (palavras minhas). Ao designarmos líderes, queremos abrir mão de governar nossas próprias vidas, por preguiça ou conveniência (assim penso eu). Mas já que os designamos, deveríamos ao menos fiscalizá-los ( pra quem acredita em Democracia ). Eu já penso que qualquer forma de governo é tirânica por princípio. Onde já se viu alguém que monopoliza o uso dar força ser “bonzinho” ?
Aonde eu queria chegar com isto tudo ? Democracia é um conceito grego, bem diferente da democracia moderna, criada pelos americanos. E a democracia original é impraticável. Não dá para atender aos anseios do povo porque simplesmente eles quase nunca coincidem com os da elite. Simples assim. Mas você agora pensou: - Mas eu voto !! Tudo bem... mas você não escolhe quem serão os candidatos, e sim os partidos. Portanto você escolhe entre o "Zé Porqueira" e o "Tião Vale Nada". Há uma falsa idéia de que a sua opinião é levada em conta. E realmente não o é. Outro aspecto: é impossível eleger-se vereador se não se tiver algumas dezenas de milhares de reais para gastar em campanha. Como um simples trabalhador pode conseguir se eleger ? Ou ele faz um corpo-a-corpo ferrenho ou entra no esquema do partidão. Assim, não dá pro “Zé-das- Couve” se eleger vereador sem se vender. Principalmente em grandes centros.
É... neste texto eu divaguei demais. Mas o fato é que Democracia não existe. Queria que o Estado me provasse o contrário. Quem sabe daqui uns 500 anos...

2 comentários:

  1. A democracia como sonhamos so existe ond nao ha dinheiro. Onde ha interesse ou lucro, geralmente a democracia é mascarada

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  2. As democracias baseiam-se em princípios fundamentais e não em práticas uniformes, pois, não existe um modelo autêntico ou forma perfeita, plena ou exemplar de Democracia no mundo, e nem existe um modelo único que sirva para todas as regiões e todos os países.
    As democracias entendem que uma das suas principais funções é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão; o direito a proteção legal igual; e a oportunidade de organizar e participar plenamente na vida política, econômica e cultural da sociedade.
    O sistema pelo qual rege o Insolente e extremista regime nacional-imperialista dos Estados Unidos da América, os quais se julgam os campeões de “Democracia” por exemplo, não é senão um poder tirânico da burguesia e do capital monopolista. Visto que, na organização do poder politico estadunidense todos os poderes estão reunidos em mãos da classe dominante, a qual não permite nenhuma ameaça ao seu domínio, e que não pode ser contrariada, criticada ou ter oposição organizada desfavorável as prerrogativas, ideários ou princípios da burguesia, pois, o capital e os interesses da burguesia em primeiro lugar, e tem que ser defendidos a qualquer custo.
    O dissimulado regime político imperial dos EUA, é uma forma de governo nacionalista em que todos os poderes se enfeixam nas mãos de grupos ligados aos partidos que representam os interesses da burguesia estadunidense.
    Nos EUA os Partidos Democrata e Republicano, são partidos conluiados que enganam os eleitores a delegar sempre a representantes da burguesia e do Grande Capital Monopolista, o poder de decidir em todo o tempo as leis a favor da classe dominante.
    Nos EUA a “liberdade de expressão e manifestação” e o exercício dos direitos de associação e reunião, incluindo a participação em organizações não-governamentais e sindicatos permanecem até o momento, desde que, não fiquem afetando os interesses da burguesia e do capital monopolista. Mas, em qualquer momento quando as autoridades acharem que os interesses da burguesia e do capital estejam sendo prejudicados pelos atos públicos e coletivos de sentimentos e opiniões levadas a efeito pelos explorados, oprimidos, indigentes, destituídos e excluídos, então, essas manifestações são consideradas “ilegais” e “abusivas” e podem ser impedidas, perseguidas, dispersadas ou reprimidas pela polícia. Portanto, a burguesia quando se sente incomodada utiliza sempre a imperiosa maquina estatal para a repressão dos seus adversários sociais.
    “A Democracia é para os estadunidenses quando os EUA mandam, ditam as regras, subjugam e submetem os povos a condição e posição de dependência, obediência, sujeição, subserviência e controle. Mas, quando os povos se erguem e tentam colocarem-se contra a dominação, tirania ou vontade e interesses dos EUA, então, isso é considerado ditadura para o império estadunidense.”
    E, deixando de rezar na cartilha dos EUA, esses povos são perseguidos e suas eleições livres são consideradas pelo império de irregulares ou fraudadas, pois, os imperialistas estadunidense aceitam apenas eleições de regimes inócuos, inermes, fantoches, subservientes, favoráveis ou sequazes do Império. Ademais, o governo eleito por esses povos que não aceitam se sujeitarem aos “caprichos’ dos Estados Unidos da América, são sempre rotulados ou assacados de totalitário, tirânico, ditadura ou seus inimigos.

    Pois, é somente cabível aos povos nativos de um território ou nação, formar opinião, ou juízo crítico sobre o exercício ou desempenho de seu governo, bem como derrocarem dos poderes políticos os representantes indesejáveis que julgarem ser intendentes déspotas ou demagogos, corruptos, vigaristas , oportunistas e aproveitadores que fingem que trabalham pelo interesse do povo.

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